OS BRASIS
“Nasci paulistano do coração vale paraibano,
de raiz cearense, mal percebi o correr do tempo
e já sentia a alegria de ser mato-grossense,
nesse Brasil de tantas jóias raras quando me assustei num piscar de olhos,
já tinha no sangue a tradição das flechas manauaras,
como no português com seus hiatos, dormi amazonense,
e a metamorfose do nosso território junto com o destino
transformou-me em mais um engravatado brasiliense,
mal tirei o terno e como um novo moço, sempre assustado,
acordei no nosso amado Goiás, cercado de gado,
realmente não tem nada igual,
tomar uma gelada cerveja,
ouvindo a beleza ímpar da nossa música sertaneja,
por aqui, inocentemente, achei que fiquei,
mas na secura de nosso cerrado,
arrastei o pé, que trouxe imediatamente aos meus olhos essa cega poeira,
e cai de pé, agora, aqui no Pelourinho,
nessa marota roda de capoeira,
no pantanal, ficaram as lembranças dos milhares de jacarés,
e que gostoso, provar da tia baiana esse suculento acarajé,
sento um pouco e vejo lá no alto o vôo incansável de um velho perdiz,
que me convida a continuar conhecendo
nossos bonitos e infinitos brasis”.
Autor: Rodrigo Lopes